Sala ambiente - Matemática |
A sala-ambiente de Matemática pode ser, fundamentalmente,
um espaço que estimule a aprendizagem de conceitos matemáticos,
por favorecer o desenvolvimento de atitudes essenciais frente
a essa área do conhecimento pelos alunos.
Essas atitudes essenciais são aqui entendidas
como a perseverança na busca de soluções
e a confiança do aluno em sua própria capacidade
de aprender, como também, a flexibilidade para alterar
seu ponto de vista quando necessário, o espírito
de colaboração, o trabalho coletivo, a curiosidade,
a necessidade da investigação e o gosto pela Matemática.
Desse modo, a sala deverá possibilitar
diferentes organizações de suas carteiras, dependendo
da atividade proposta pelo professor, seja para o trabalho em
grupo, seja para a exposição e discussão
das soluções encontradas pelos alunos das situações-problema
propostas, seja para a resolução individual de exercícios
de síntese com a finalidade de organizar as conclusões,
seja para a consulta de livros ou o trabalho com os materiais
concretos (elaborados ou não pelos alunos).
Assim, a sala-ambiente - cuja denominação
poderia ser "Laboratório de Matemática"
- deverá facilitar a utilização dos materiais
didáticos característicos da matemática,
como: compassos, esquadros, sólidos geométricos,
ábacos, tangrans, material dourado, calculadoras etc.,
além de, evidentemente, livros para consultas dos alunos
(didáticos, paradidáticos, história da matemática).
Ela deverá possuir, também, materiais de outras
áreas de conhecimento (mapas, globos terrestres, bússolas,
guias da cidade etc.), uma vez que muitos desses materiais são
importantes para favorecer a construção de fatos,
princípios e conceitos matemáticos.
A organização do espaço
físico da sala-ambiente e a utilização de
materiais concretos poderá favorecer um caminho eficaz
para a construção da Matemática que pode
ser assim esquematizado:
- relacionar observações do mundo real a
representações (tabelas, figuras, esquemas);
- relacionar estas representações a uma atividade
matemática e a conceitos.
Neste sentido, a utilização também
de materiais das outras áreas do conhecimento é
importante. O professor, por exemplo, ao ensinar as coordenadas
cartesianas poderia iniciar esse trabalho com as coordenadas geográficas
e com o guia da cidade.
A utilização adequada de materiais
como sólidos geométricos, geoplanos, tangrans e
dobraduras poderá favorecer, sem dúvida, o processo
de ensino-aprendizagem de Geometria, um tema fundamental da Matemática,
pois ela deve permitir ao aluno o desenvolvimento de um tipo especial
de pensamento, que lhe possibilita compreender, descrever e representar,
de forma organizada, o mundo em que vive.
Além disso, o trabalho com Geometria pode
ser estimulado também a partir da exploração
dos objetos do mundo físico, de obras de arte, de pinturas,
desenhos, esculturas e do artesanato.
A calculadora pode ser usada em vários
momentos para permitir abordagens mais reais de situações-problema
e o desenvolvimento de outras capacidades, tais como: estimativas,
aproximações, controle de resultados etc. O trabalho
com grandezas e medidas também pode permitir ao aluno a
exploração de cálculos aproximados, usando
estimativa, arredondamento e mostrando, desse modo, outra face
da Matemática, que não a da exatidão.
Além disso, as construções
geométricas (com régua e compasso) e o uso de instrumentos
como o transferidor, esquadros etc., realizadas nas aulas de Matemática,
fornecem um suporte importante para a observação
de propriedades métricas e geométricas.
Sugerimos que o professor de Matemática
consulte as atividades propostas nos documentos Experiências
Matemáticas de 5ª a 8ª séries um
conjunto de sugestões para subsidiar a prática docente
do professor de Matemática de 5ª a 8ª séries,
publicada pela SE/CENP para planejar as aulas em que cada
conceito será discutido e trabalhado.
Das muitas possibilidades de utilização
da sala-ambiente de Matemática, destacamos a formação
de um "Clube da Matemática", cujos objetivos
seriam o de criar um ambiente de discussões de diversos
temas da matemática e de construir um Laboratório
de Matemática com materiais e jogos inventados e reinventados
pelos alunos. O livro Experiências Matemáticas: 8ª
série, atividade 13, traz valiosas sugestões nesse
sentido.
Uma outra atividade desse clube seria a elaboração
de um jornal mural por um grupo de alunos, diferente a cada semana.
Este jornal poderia ter, entre outras, as seguintes seções:
- nformações gerais e da própria escola,
divulgação de eventos, notícias sobre a educação em outros países,
estatísticas etc.;
- curiosidades matemáticas como, por
exemplo, informações de caráter histórico;
- problema matemático da semana e a
resolução do problema da semana anterior;
- diversões como a promoção, por exemplo,
de campeonatos de jogos de damas ou xadrez e a divulgação de novos
jogos;
- invenção de jogos nos quais estejam
presentes um conceito matemático;
- a pesquisa da semana, em que se
elaboraria uma pesquisa diferente em cada semana com: os alunos da
classe (como: número de irmãos, peso, altura, esportes etc.) e
cujos dados seriam apresentados em tabelas e gráficos e,
dependendo da pesquisa realizada e da série dos alunos, com
indicação das medidas de tendência central (média, moda, mediana);
- recados do leitor;
- atividades do clube.
Os "cantinhos da Matemática"
de CB a 4ª série também podem ser organizados
de forma a deixar expostos os materiais de uso mais freqüente,
como o material dourado, ábacos, Cuisenaire, os sólidos
geométricos, blocos lógicos etc. Os documentos Atividades
Matemáticas da SE/CENP trazem em seus volumes de CB a 4ª
série, interessantes sugestões para a utilização
desses recursos.
Acreditamos que a organização de
um ambiente que favoreça as discussões de diversos
assuntos de Matemática e o levantamento de hipóteses
para a resolução de um problema e respectiva testagem,
que tenha um laboratório em que seja possível a
(re)invenção de jogos e materiais, que tenha livros
para consulta, e que possibilite a elaboração e
exposição de um jornal mural com informações,
divertimentos e curiosidades, poderá estimular maior interesse
do aluno e, sobretudo, despertar o prazer em aprender Matemática.
Elaboração:
Ruy César Pietropaolo