São Paulo, 20 de abril de 2024
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Sala ambiente - Geografia

Índice:

Por que sala-ambiente de Geografia?

A Geografia se constrói a partir de debates, confrontações, relatos de vivência e outras situações que devem ter, como pano-de-fundo, um ambiente propício, uma sala-ambiente.

Assim, ensinar GEOGRAFIA é gratificante quando podemos contar, com uma variedade de recursos materiais e humanos. Mesmo no âmbito da escola, muitas vezes, encontramos muitas coisas, mas disso não nos damos conta.

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Como compor a sala-ambiente de Geografia?

Mobiliário:

- arquivo de mapas, devidamente etiquetados, de fácil identificação, enrolados - recipiente adequado (caixa, barrica etc.);

- armários fechados para aparelhagem em geral;

- gavetas ou caixas para materiais de pequeno porte.

Materiais:

Devem adequar-se aos objetivos da disciplina, em geral, e à faixa etária do educando. É preferível construir materiais a adquirir modelos que não estejam adequados.
Para o material a ser adquirido, observar que:

Materiais de Geografia

- os atlas destinados às séries iniciais devem conter mapas muito simples, com poucos elementos;

- os Obras Ficcionais e Não-Ficcionais e didáticos devem ter linguagem simples, textos não muito longos e ser bastante ricos em ilustrações;

- é fundamental a existência de planta da sala de aula, da Escola e arredores e do Município, em tamanho mural, nas salas de CB a 4ª séries, nos seus respectivos espaços;

- recortes de jornais e revistas, fotos (inclusive postais), ilustrações e rótulos devem compor o acervo de materiais de salas-ambiente do ensino fundamental;

- o quadro negro deve compor a sala-ambiente (com área plenamente utilizável), assim como os murais.

Outros materiais desejáveis:

- globo terrestre, mapas murais, jogos pedagógicos, enciclopédias e outros materiais de consulta, material para montagem e modelagens, aparelhos para medição de elementos climáticos, materiais para produção e reprodução de textos, maquetes, cartazes, sinais de trânsito e outros signos, mostruários de rochas e minerais e aparelhos para orientação, recursos audio visuais (vídeo, slides, transparências, aerofotografia etc.).

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Uso dos Materiais

A construção do conhecimento em Geografia faz-se principalmente a partir de idéias, vivências e discussões, de leituras da realidade, cujo entendimento pode ser muito facilitado pelo uso amplo e adequado dos materiais. Assim sendo, usamos os elementos de representação cartográfica para o registro de dados, um caminho para a interpretação dos fatos. Este deve ser o uso adequado para o globo terrestre, o atlas, o mapa mural, a feitura de gráficos, a construção de tabelas etc.

Nesta mesma direção, é muito útil e eficaz construir textos, elaborar materiais, utilizar jogos e outros recursos similares sempre que estas práticas estejam ligadas a um processo de percepção orientada de discussão e de interpretação dos fatos da realidade geográfica, que nos permita avançar na compreensão dos mesmos.

Considerando-se que a compreensão da rotundidade da Terra só se dá efetivamente em faixa etária posterior, é preferível estimular o uso individual do globo terrestre nas séries iniciais (pequenos globos para serem trabalhados com pequenos grupos, é uma saída viável).

PlanetaObjetiva-se propiciar que o educando reconheça e se acostume com as características da forma do planeta.
O uso do mapa mural deve contemplar a posição horizontal, tendo em vista que o educando, na faixa etária equivalente às séries iniciais e intermediárias, ainda não abstrai plenamente o processo de representação terrestre.

É importante pensar sempre na forma mais adequada de utilizar o material, pois não é necessariamente a sua existência, mas sim a forma correta de usá-lo que garante a sua eficácia na consecução de nossos objetivos.

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A aula na sala-ambiente de Geografia

A aula na sala -ambiente deve levar em consideração que:

- a explanação do professor, quando necessária, deve servir como problematização, orientação e encaminhamento de questões, sem perder de vista o processo de construção do conhecimento pelo aluno;

- a informação deve ser tratada como elemento de análise, considerando-se que ela está presente nos meios de comunicação de massa, porém não deve ser apresentada como algo pronto e irreversível, que deva ser incorporado a priori. Exemplo, o importante não é saber que Brasília é a capital do Brasil, mas sim conhecer porque é capital e o que representa.

Participação da ProduçãoÉ fundamental que o educando participe do processo de produção do conhecimento com sua vivência, sendo de mediação o trabalho do professor. A aula deve se desenvolver com o uso de textos e de uma boa diversidade de materiais, com vistas à construção do conhecimento, com base na leitura da realidade, que inclui a vivência do aluno.

Para tanto, planejar a aula, selecionando previamente os recursos a serem utilizados é essencial. Textos curtos, com linguagem acessível, problematizadores e esclarecedores, contemplando múltiplas visões; materiais visuais que permitam o desenvolvimento de habilidades de observação (séries iniciais) e decodificação da realidade (paulatinamente, das séries intermediárias para as finais); jogos que levem à compreensão de mecanismos e à fixação de conceitos, a partir da criatividade. Para estes últimos, é válido alterar regras propostas e até mesmo criar outros jogos.

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A sala-ambiente no contexto do currículo escolar

A Geografia integra o currículo escolar ao lado de outros componentes igualmente importantes. Nesse sentido, materiais da sala-ambiente de Geografia são úteis também para outras áreas, levando-se em conta que a realidade não é fragmentária.

Em contrapartida, devemos procurar (e conhecer) em outras áreas, materiais e dados que podem nos auxiliar na construção do conhecimento geográfico: literatura regionalista, instrumento de medição do tempo, terrários, literatura histórica e de ciências da natureza, instrumentos de medição linear e de área etc.

A realidade universalizada deve, portanto, ser um estímulo e uma preocupação, levando o professor de Geografia à participação ativa nos projetos e nas propostas de trabalho interdisciplinares, inclusive com o uso pleno dos recursos da sala-ambiente. Entenda-se interdisciplinaridade como participação integral e não como participação paralela, a partir de uma divisão fragmentada do trabalho. A interdisciplinaridade pressupõe uma entrosagem de conteúdos que nem sempre abrange a totalidade da disciplina ou mesmo a abordagem integral dos temas por mais de uma disciplina.

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O desenvolvimento da Geografia na sala-ambiente, ao longo da série e do curso

É essencial conhecer com clareza o material disponível e suas funções. Um mesmo recurso pode prestar-se a vários temas, vários momentos e várias situações. A utilização de um material num determinado momento não o descarta para situações posteriores. Assim, o professor que utiliza a sala-ambiente precisa conhecer o alcance de cada material, tanto para planejar o seu uso quanto para orientar o aluno no acesso consciente do mesmo em momentos diversos.

VideoExemplo: O globo terrestre pode ser utilizado nas séries iniciais para possibilitar ao aluno - através de seu manuseio - o reconhecimento da forma da Terra. Aliado ao livro A Noite e o Dia (BRAIDO, Eunice) o educando materializará as idéias essenciais do mecanismo de origem da sucessão dos dias.

Nas séries intermediárias, o uso de material flexionado sobre o globo permite associar corretamente as modificações de latitude e da longitude à curvatura e não à distância, como é usual. Conjugado ao livro As Descobertas de Zasp (SARTORELLI, GUERRA, SERRANO), permitirá o reconhecimento do mecanismo dos movimentos da Terra.

Nas séries finais, além da exploração das relações oriundas da rotundidade da Terra, o globo terrestre permitirá, entre outras coisas, compreender essencialmente os fluxos das relações intenacionais.

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A sala-ambiente e os procedimentos da disciplina

A dinâmica do conhecimento geográfico e a amplitude do mesmo nos devem levar a:

- utilizar a sala-ambiente como um dos momentos da construção do conhecimento geográfico e para o fichamento de algumas questões. Sair da sala de aula para o pátio, para os arredores da Escola e para a realização de atividades de estudo do meio (trabalho de campo, visitas etc.) é essencial. Só assim é que se torna possível desenvolver a observação, a identificação e a interpretação dos fatos;

- o material existente na sala é dinâmico no seu uso e na sua validade. Novas formas de utilização, de substituição e de acréscimo de materiais devem ser constantes. Nesse sentido, o aluno deve tornar-se um elemento altamente participativo na construção de materiais e na tomada de decisões sobre o uso e a substituição destes;
- materiais de interesse para a construção do conhecimento geográfico não são unicamente os existentes na sala-ambiente de Geografia. No âmbito da escola, eles podem ser encontrados (e devem ser conhecidos), na biblioteca, na sala de vídeos (se houver), em outras salas. Fora da escola existem recursos materiais e humanos importantes. Em suma, a sala-ambiente não é um espaço fechado e exclusivo.

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Uma aula na sala-ambiente

Tema selecionado: A Cidade
Temática geral: Leituras do Mundo

Objetivo da proposta: exemplificar, a partir de um tema pré escolhido, coerente com a temática geral, uma proposta de trabalho, explorando recursos da sala-ambiente de Geografia conscientes de sua finalidade e com a sua adequação ao educando.
Objetivo do tema: construir o conceito de cidade a partir da leitura do fato urbano na modernidade e na realidade da globalização.
Objetivo da aula: utilizar multimeios adequados às séries intermediárias do ensino fundamental, numa perspectiva de interdisciplinaridade e voltados para a construção de conceitos inerentes à cidade no contexto das relações cidade e campo, no processo de industrialização e das relações delineadas pela globalização.

Uma Bolinha no mundo

- apresenta-se um mapa-mundi político e busca-se questionar o que significam as "bolinhas" e o que representam como simbologia e como conteúdo significativo;

- um segundo mapa político do mundo será apresentado, com o título "o que tem de mais?" "Uma bolinha" de papel laminado e um letreiro identificante mostrarão TARABAÍ, um pequeno núcleo urbano do oeste paulista. Pretende-se encaminhar a discussão do que é urbano e da idéia de lugar no mundo, tendo o urbano como referencial. Acessos estimulados aos atlas podem completar o reconhecimento destes fatos.

"Eu quero me revelar"

A construção de conceito de cidade, em confronto com a idéia que se tem do rural ou do não urbano será realizada a partir da distribuição, entre os participantes (divididos em grupos de 4 pessoas), de fotografias oriundas de:

- fotos tiradas especialmente para a finalidade;

- recortes de revistas, ilustrações de folhinhas etc.

Tais fotos registrarão fatos urbanos típicos (vistas aéreas, edifícios, ruas, calçadões, praças), fatos de identificação dúbia (quintais de casas de periferia, pequenos núcleos do interior do país, fábricas isoladas, cestas com produtos, grupos de pessoas) e fatos típicos de áreas rurais (culturas, colheitas, áreas não ocupadas com forte presença do natural, casas típicas, gado etc).
Cada participante, no grupo, deverá definir a identidade de suas fotos e o elemento que justifica o seu enquadramento, a ser registrado em um dos 3 cartazes pregados num mural:

- CIDADE

- CAMPO

- ?

Para o último (?) irão os registros de fotos não definidas, com o motivo da dúvida.

Prontos os cartazes, far-se-á a eliminação de elementos justificadores constantes em mais de 1 cartaz, podendo-se, assim, perceber que poucos são efetivamente os elementos identificantes do urbano e do rural. É preciso recorrer a fatos mais relevantes do que a paisagem!

O canto da cidade

A canção de Daniela Mercury O canto da cidade é o elemento motivador, um convite aos participantes para tentar reconhecer os sons da cidade. Executada, num gravador, até "...o canto desta cidade é meu..." serão exibidos aos participantes alguns sons (animais, buzinas, máquinas em funcionamento, roda d’água etc).

Os grupos são instados a discutir a origem (urbano ou rural) dos sons. Algumas conclusões poderão ser acrescidas aos conceitos de cidade.

Leia-me

Avançando na construção do conceito de cidade, cada grupo receberá um texto (poético, prosa, jornalístico, literário, didático) sobre "coisas" ou fatos da cidade. Serão textos curtos, simples, referenciados, com linguagem acessível e que serão utilizados para construir conceitos, apresentando-se painéis.

Caçando um Tesouro

Será proposto que cada grupo busque encontrar, na sala, um objeto típico da cidade. Encontrados os objetos, os grupos justificarão o porquê de identificá-lo como tipicamente urbano.

Você na minha vida

Grupos em menor número (em torno de 8 elementos) receberão 6 a 8 fotos cada, componentes de uma seqüência de fases de produção/transporte/ comercialização. Essas seqüências serão montadas de forma livre e, após este processo, ajudarão o grupo a responder duas questões:

- QUEM SOU ?

- OUÇA A MINHA HISTÓRIA

A primeira deverá identificar o produto objeto da seqüência. Na segunda, será contada a história do produto na seqüência dando-se ênfase ao caminho, campo-cidade-campo. É válido utilizar os mais variados recursos no painel: mapas, cartazes, tabelas, gráficos etc. Histórias e identificações poderão ser discutidas para auxiliar a construção de conceitos. A história e o personagem podem também ser referentes ao trabalhador.

Pretende-se com esta atividade, inicialmente, incentivar o educando a uma pesquisa a partir da motivação da realidade representada pelas fotos. Nesta pesquisa, poderão e deverão ser utilizados recursos que possam subsidiar a identificação do produto em termos de características, localização, circulação, transformação, consumo etc.

No entanto, todo este processo implica em um sistema de relações cidade-campo, para o qual é decisivo o papel do: "TRABALHO". O "TRABALHO É EXECUTADO POR ALGUÉM", cuja atuação nem sempre fica clara numa simples descrição da foto.

Aí está o papel fundamental da Geografia construtora de cidadania: revelar a presença marcante e fundamental do "homem", não somente um mobilizador das forças naturais, mas razão de ser da própria construção do espaço geográfico, com todas as suas contradições, por isso o espaço não é o território físico, mas o resultado de sentimentos, ações, anseios, inclusões e exclusões, que só são factíveis, com a presença do ser humano, e nunca do homem-número.

Observação: O texto abaixo poderá ser utilizado como preâmbulo.

Minha história é uma história de trabalho

Não nasci espontaneamente, não me desloquei por iniciativa própria, não mudei e nem fui consumido simplesmente porque minhas forças me dessem direito a isto.

No meu caminho há pessoas, gente que trabalha e que sobrevive em função de seu esforço. Mãos que me levam a crescer e a mudar, mãos que me transformam e me apresentam sob formas atraentes e, às vezes, até sofisticadas.

Minhas marcas são dadas por aqueles que se apropriam do trabalho, daqueles que me criam e transformam. Seus nomes desaparecem neste percurso. Ao contar minha história faço justiça a eles, presentes no campo, presentes na cidade. Embora, muitas vezes, excluídos de usufruto daquilo que me transformei.

Observação: Ouvindo música para refletir.
Cidadãos, interpretada por Zé Ramalho

Afinal o que é cidade?

Destina-se ao fecho e possibilita a avaliação do trabalho.
Cada grupo (situação original, com 4 elementos) fechará o assunto com a construção de um cartaz, buscando uma tentativa de resposta à questão proposta.

Um recado:

Lembre-se de que a Geografia lhe propicia uma imensa diversidade de oportunidades para que seus alunos criem e construam o conhecimento, combinadas com a sua capacidade de utilizar os recursos de uma sala-ambiente e de estimular o trabalho; a avaliação torna-se um desafio estimulante para encontrar formas de valorizar tudo o que se pode realizar.

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Elaboração:
Álvaro José de Souza - ATP - D.E. Botucatu
Elza Helena Marqueti - ATP - D.E. Franca
Isabel Martins - ATP - D.E. Adamantina
Luciene M.de Albuquerque Ramos -
ATP - D.E. Mirante do Paranapanema